O canto-falado de Gil Scott-Heron
Do álbum "It's Your World" (1976), atenção para a canção New York City. Embora não seja aquela mesma que Frank Sinatra ajudou a tornar cansativamente popular (New York, New York), a composição de Gil Scott-Heron se assemelha à outra apenas no que tem de amor desbragado pela cidade.
Contudo, mais pungente, mais nostálgica e com um glamour mais dolorido (fazendo jus ao que a metrópole virou) é a Nova Iorque vista por Heron, que não me deixa mentir: "There ain't nothing wrong with the citie/just some people being wrong like in everywhere." É isso mesmo: não há nada de errado com a cidade, as pessoas de lá é que estão erradas (e tão erradas como as pessoas de qualquer outro lugar.) Eis o glamour de resignação que mencionei acima (um "não-glamour") nos dizendo que a tristeza de algumas pessoas não é melhor que a tristeza de outras só porque elas vivem ou deixam de viver em Nova Iorque... É esse iconoclasmo, esse anti-lirismo de Heron que dá um toque tão especial às suas letras; esse algo irônico (pra não falar na articulação impecável que ele imprime à sua fala), sendo capaz de entreter uma platéia minutos a fio, o que faz dele claramente um dos precursores mais bem-acabados do rap.
O primeiro disco de Heron, "Small Talk at 125th and Lennox", também está aí e não deixa dúvidas sobre a paternidade do estilo. Trata-se de um estilo literal de rhythm & poetry, no qual Heron fala sobre uma base percusiva sem, no entanto, harmo-nizar o suficiente a sua fala a ponto de ela tornar-se uma canção. Está bem claro ali que ele não está cantando, mas falando. Daí adviriam as várias matizes do rap, do mais cantado até o mais falado. Mas enfim, não dá pra negar que a gênese de quase tudo no gênero está contida em Heron, e que por isso mesmo sua música deveria ser levada mais em conta por quem se diz ou se diga apreciador de "música negra"...
Infelizmente pouco se tem falado sobre esse notável cantor, compositor, pianista, poeta e novelista. Sabe-se que ele saiu da prisão não faz muito, detido por porte de cocaína, e que é visto às vezes pela noite nova-iorquina...
Clique aqui e leia uma matéria "relativamente recente" sobre Gil Scott-Heron (para os que não lêem inglês, eu fiz o que pude...)
Contudo, mais pungente, mais nostálgica e com um glamour mais dolorido (fazendo jus ao que a metrópole virou) é a Nova Iorque vista por Heron, que não me deixa mentir: "There ain't nothing wrong with the citie/just some people being wrong like in everywhere." É isso mesmo: não há nada de errado com a cidade, as pessoas de lá é que estão erradas (e tão erradas como as pessoas de qualquer outro lugar.) Eis o glamour de resignação que mencionei acima (um "não-glamour") nos dizendo que a tristeza de algumas pessoas não é melhor que a tristeza de outras só porque elas vivem ou deixam de viver em Nova Iorque... É esse iconoclasmo, esse anti-lirismo de Heron que dá um toque tão especial às suas letras; esse algo irônico (pra não falar na articulação impecável que ele imprime à sua fala), sendo capaz de entreter uma platéia minutos a fio, o que faz dele claramente um dos precursores mais bem-acabados do rap.
O primeiro disco de Heron, "Small Talk at 125th and Lennox", também está aí e não deixa dúvidas sobre a paternidade do estilo. Trata-se de um estilo literal de rhythm & poetry, no qual Heron fala sobre uma base percusiva sem, no entanto, harmo-nizar o suficiente a sua fala a ponto de ela tornar-se uma canção. Está bem claro ali que ele não está cantando, mas falando. Daí adviriam as várias matizes do rap, do mais cantado até o mais falado. Mas enfim, não dá pra negar que a gênese de quase tudo no gênero está contida em Heron, e que por isso mesmo sua música deveria ser levada mais em conta por quem se diz ou se diga apreciador de "música negra"...
Infelizmente pouco se tem falado sobre esse notável cantor, compositor, pianista, poeta e novelista. Sabe-se que ele saiu da prisão não faz muito, detido por porte de cocaína, e que é visto às vezes pela noite nova-iorquina...
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2 comentários:
Oi, blz?
Entre no link http://www.mackenzie.com.br/editoramackenzie/revistas/todas_letras/
e cliquem em Todas as Letras Especial (número 7) - 2005
Saiu um ensaio meu sobre João Antônio. Quando eu descolar um exemplar, eu mostro para vc.
Abraços,
Diego.
PS: Me manda seu e-mail novo. Só tenho um muito antigo.
Dica anotada! Gostei do que li e vou procurar ouvi-lo.
Bjocasss!!!
Ps:. Macarrão com shitake?!!? Feito por qual dos dois?
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