"E nadi contra suberna"
O fato de se estar fazendo algo que no momento pessoa nenhuma no mundo deve estar fazendo (ou a maioria pelo menos não) nos dá a sensação de estar na contra-mão de algum processo natural, o que não deveria, pelo menos a princípio, servir de motivo de orgulho a ninguém. Deveria, antes, servir de aprendizado (nunca mais ser a ovelha desgarrada). Mas aparentemente essa postura de se afastar do establishment ou mainstream (seja lá qual for o nome) para se arriscar no desconhecido vem criando um efeito colateral: a ignorância pela ignorância. Vale dizer, a desobediência pela desobediência. Um palpite: não seria o caso de uma rebeldia sem causa?
Num salto homérico de Lógica, podendo eu com isso perder alguns amigos (o gênero post e os epigramas, neste aspecto, deveriam dialogar), saio do prato à boca deduzindo de tudo isso que a questão da Lei está longe de se esgotar. Intelectuais, desesperados após sessões de cinema (emoldurados pela fumaça do cigarro), balbuciam indiscriminadamente palavras como "angústia" e "influência", comprometendo-se exageradamente com essa discussão. São elliotianos no que têm de pessimistas sobre a eterna "inovidade" (bricollage é palavra proibida; o passadismo, uma válvula de escape).
E por essas e outras, os artistas e pensadores (a diferença é que os segundos só pensam) que outrora acreditaram nisso hoje possuem milhares de livros "explicando" suas obras (um fato alarmante). Façam um teste: juntem todos os livros que já foram escritos buscando elucidar as referências eruditas de James Joyce... (aí só um galpão mesmo para dar conta dessa bibliografia faraônica).
Tudo isso, eu dizia, para ilustrar que nadar contra a corrente pode ter compensações (repito: não há garantias). Afinal, o turista que abandona a excursão não deveria estar atrás da melhor foto? Do contrário, como atalhos seriam descobertos? Se o que vemos é a vanguarda estar associada, para alguns, aos que morrem primeiro na guerra (a linha de frente) não seria conveniente ressaltarmos que isso foi em benefício de quem ficou na retaguarda?
A metáfora futebolística, contudo, será excusada se considerarmos que alguns atacantes, vez por outra, não saem da "banheira". E aqui devemos ir com calma: a banheira, para os marxistas, estaria associada à parte mais especializada no processo de produção (a quem cabe, a contragosto do meio-campista que carrega o piano, os louros da fama). Por outro lado, a atitude daquele que não volta para ajudar os que ficaram para trás, de certa forma, não caracterizaria um abandono? Uma traição?
Mas toda traição necessariamente exclui a gratidão? Uma ordem não foi criada apenas para ser subvertida. Aliás, uma ordem deveria ser um divisor de águas: a partir do cumprimento ou não de seu desígnio, eu diria, a vida se criou. E partir da ordem é que temos o que é certo e errado (às vezes a ordem é errônea, mas apenas desse modo se soube como seria o acerto). Como todo conceito primitivo, "uma rosa é uma rosa" é tão verdadeiro quanto dizer que ordem é ordem (tal qual aquele subalterno que assim se desculpa por não questionar o que lhe disseram).
Num salto homérico de Lógica, podendo eu com isso perder alguns amigos (o gênero post e os epigramas, neste aspecto, deveriam dialogar), saio do prato à boca deduzindo de tudo isso que a questão da Lei está longe de se esgotar. Intelectuais, desesperados após sessões de cinema (emoldurados pela fumaça do cigarro), balbuciam indiscriminadamente palavras como "angústia" e "influência", comprometendo-se exageradamente com essa discussão. São elliotianos no que têm de pessimistas sobre a eterna "inovidade" (bricollage é palavra proibida; o passadismo, uma válvula de escape).
E por essas e outras, os artistas e pensadores (a diferença é que os segundos só pensam) que outrora acreditaram nisso hoje possuem milhares de livros "explicando" suas obras (um fato alarmante). Façam um teste: juntem todos os livros que já foram escritos buscando elucidar as referências eruditas de James Joyce... (aí só um galpão mesmo para dar conta dessa bibliografia faraônica).
Tudo isso, eu dizia, para ilustrar que nadar contra a corrente pode ter compensações (repito: não há garantias). Afinal, o turista que abandona a excursão não deveria estar atrás da melhor foto? Do contrário, como atalhos seriam descobertos? Se o que vemos é a vanguarda estar associada, para alguns, aos que morrem primeiro na guerra (a linha de frente) não seria conveniente ressaltarmos que isso foi em benefício de quem ficou na retaguarda?
A metáfora futebolística, contudo, será excusada se considerarmos que alguns atacantes, vez por outra, não saem da "banheira". E aqui devemos ir com calma: a banheira, para os marxistas, estaria associada à parte mais especializada no processo de produção (a quem cabe, a contragosto do meio-campista que carrega o piano, os louros da fama). Por outro lado, a atitude daquele que não volta para ajudar os que ficaram para trás, de certa forma, não caracterizaria um abandono? Uma traição?
Mas toda traição necessariamente exclui a gratidão? Uma ordem não foi criada apenas para ser subvertida. Aliás, uma ordem deveria ser um divisor de águas: a partir do cumprimento ou não de seu desígnio, eu diria, a vida se criou. E partir da ordem é que temos o que é certo e errado (às vezes a ordem é errônea, mas apenas desse modo se soube como seria o acerto). Como todo conceito primitivo, "uma rosa é uma rosa" é tão verdadeiro quanto dizer que ordem é ordem (tal qual aquele subalterno que assim se desculpa por não questionar o que lhe disseram).
0 comentários:
Postar um comentário