Bovary em Fortaleza
Como aquela esposa lângüida que alisa as próprias madeixas sentada de frente à penteadeira, queixosa e carente, olhar perdido em si mesma; saudosa do marido, que lhe despacha por email algumas frases de carinho (espécie de marchand ou caixeiro-viajante persistente), ela agora mal pode lembrar-se, sem sofrer, de um turista que conheceu no sagüão do aeroporto, perdida!, o qual ela pensou se tratar de um desses agentes enviados por alguma companhia de turismo... Mas as ranhuras do espelho ela conhece bem, além do nome do hotel bordado na roupa de cama que ultimamente a tem deixado entristecida... Ah, caro leitor, mas o que não é a lascívia! as noites mal dormidas, o céu sem estrelas e o rumor indistinto nos corredores (a decepção de atender à porta e só encontrar a camareira...)
0 comentários:
Postar um comentário