A arte do desencontro

Este assunto, este assunto eu conheço bem... É uma arte (que uns almejam e outros julgam entender); é a sensação derrisória de quando pensamos que não há nada além de amor no mundo, mas que estou só; ou quando vislumbramos um destino cujo caminho não sabemos, pelo qual nunca passamos, até porque ele nos leva até nós mesmos.

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Entre os amantes é necessário que os movimentos sejam contínuos e simultâneos. Como é impossível, bem sabido pela Física, dois corpos ocuparem o mesmo lugar ao mesmo tempo, coincidências deveriam ser malvistas.

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Tomemos um exemplo mais concreto: quando ele fez que ia, ela não quis. Fácil demais ser feliz, disse a si mesma, convém resistir (ela não via que o orgulho estava bem debaixo do nariz.) Mas tudo tem limite, e quantos sábios não se criam de improviso, ao passo que um dia ele cessou suas súplicas: dela não tardaram as réplicas (tudo muito súbito...) e daí para o mal que é relativizar a própria relação foi um passo (tudo muito súbito...) do concreto ao abstrato.

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