Introdução ao "Dicionário de Corporativês"

E no início era o mundo. Só depois é que veio a palavra "corporativo." Com esta, mais tarde, viriam outras, todas elas pomposas e cheias de virtude (nomes bonitos para coisas que já existiam) e quiseram os homens de terno e gravata que se tornassem norma, uma espécie de insígnia, e atrás dela toda uma sorte, "todo um processo" de coisas, complexos, adjetivos desonestos, essências, carícias, positivismos, maneirismos (sempre o político & correto.)

E pobre de nós, brasileiros, que admitimos em nossas vidas um léxico, convenhamos, intrusivo, que pode soar natural em inglês mas em português soa arrivista. Como diria o homem de capacete do ABC a brandir com seu megafone "malditos pelegos!" Enquanto isso senhores de terno e gravata ao redor da mesa gastam horas reunidos a debater em vão, a teorizar sobre o intangível. Líderes, resultados e trabalho em equipe: na verdade todos cúmplices da máxima segundo a qual não há receita para o sucesso & poder da qual se exclua a desumanização do indivíduo.