"Os metais em uníssono respondem"

Um sax-tenorista negro e rouco agilmente costura um preâmbulo. Seu timbre guarda a mesma fúria que sentimos quando ouvimos o ruído de panos que se rasgam. De repente rompem uns batuques africanos, defasados e frenéticos, que saltitam seguidos de perto pelo piano. O que se ouve a seguir é a voz de um cantor articulando onomatopéias (um negro de narinas delgadas). Ao que os metais em uníssono concordam! Fecham-se as cortinas. Fim do ato.

I - Quatro queijos

Frottage, ao meu ver, é um termo nascido numa época de sacanagens sorrateiras e gaiatas. Dar uma bolinada: talvez seria esta a tradução mais imediata que se tem para um ofício tão antigo e tão prosaico. Bolinar provavelmente seria a palavra certa (fazendo fronteira com o ato de fornicar.) O termo Frotteurism, que lhe é correlato, é usado apenas quando em questão a obsessão que alguém tenha de se roçar nos outros - em ônibus, trens ou metrôs - com olhar concupiscente e atirado, feito os felinos quando têm fome. Se roçar indiscrimidamente alguém for comparável a uma pizza de oito pedaços, uma quatro formaggio seria uma boa pedida (come-se um pouco todo mundo e ao mesmo tempo não se come ninguém.)