Manhã no Mercado Municipal

(publicado em 08/12/2004)
Não costumo escrever sobre tudo o que me acontece, e tampouco furo o jornal do meu Futuro ao indagar sobre o amanhã (querendo a resposta sempre pra ontem!) Mas isso não me impede, contudo, de falar sobre a minha ida ao Mercado, que já faz mais de uma semana, em companhia do meu amigo, o cavalheiro Gabriel, e de uma distinta senhorita, a divertidíssima Cris Goto (cuja expressão delicada e suave do rosto me lembrou as máscaras do teatro Butô.)
Seguimos o protocolo e nos detivemos sem pressa em algumas das adegas, casas de queijo e barris com azeitonas temperadas, que de tão verdes pareciam azuis, além das rascantes alcaparras! Mulheres vêm e vão murmurando entre as barracas "bom, bom, bom", uma espécie de sinal-da-cruz, uma santíssima trindade: "o bom vinho, o bom filme e o bom livro". Fiquei a pensar no que queriam dizer com isso...
Mas deixei esse assunto espinhoso de lado, já que a ordem do dia era flanar. O que houve depois é que tiramos muitas fotografias e, como bons paulistanos, também enfrentamos filas; aliás, compramos abacaxis que já vinham descascados; e quando eu já ia me aborrecendo novamente, por sorte a visão divina dos vitrais me comoveu. Fotógrafos, poseurs, artistas, mães, filhas e modelos: se estivesse ali, diria um amigo meu que "a sociedade veio em peso".
Saldo do passeio: uma matéria que a senhorita Goto prometeu e que até agora permanece impublicada; uma fatura pro mês que vem de um vinho barato (lá o barato deles vale muitos reais); ah, e de também ter sido eleito o mais sarcástico, inclusive mais que o Gabriel, pela Miss Goto, o que pode ser tomado como profunda abjeção ou um elogio delicado.

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