Mise-en-scène e saídas de estilo

O que fazer quando a inspiração não ajuda? Ou como proceder quando a técnica fica desorientada sem ter no que se aplicar? "Não tenho nada a dizer mas estou dizendo" (John Cage), mas não é bem esse o caso: é claro que se diz algo quando alguém se põe a dizer alguma coisa. É óbvio e insofismável.

O que fazer então quando já se disse o bastante? Calar? Qual o momento certo para abandonar a cena, o campo ou o palco, seja o que for, mas quando? Quando dar a vez aos coadjuvantes? Seja a chave de ouro de um soneto ou um pedido de substituição no segundo tempo, o que caracteriza um bom arremate? Será a idéia de desfecho uma obsessão na América? Hollywood, por exemplo, acredita que um bom desfecho só pode vir depois de um grande clímax. Já a escola francesa, de um modo geral, recorria a um fade silencioso e polido. E o que dizer de Charles Chaplin então, que criou uma grande tradição de vagabundos cinematográficos que sempre acabam tristes e sem a mocinha? Aliás: quem tem medo de finais felizes?

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