O virtuosismo do jazz está de volta

Pra quem acha que o jazz é uma espécie de arte perdida, remota, em verdade vos digo que ele está de volta... Era justamente isso que o bebop procurava: o caráter excludente do virtuosismo. Charlie Parker disse que o bebop não era jazz e, de fato, seu estilo era praticamente impossível de ser imitado à risca. É só pensarmos em John Coltrane, Sonny Stitt, Thelonious Monk... Contudo, logo o jazz seria tolhido pelo vício maneirista, cheio de chavões e riffs manjados, sob o pretexto de um "intimismo" ou "suavidade". Penso que o verdadeiro jazz ou blues ou r&b (seja o que for) ainda está vivo e continua com aquele seu mesmo caráter de busca e superação (de novidade, diga-se de passagem) mesmo que o objeto dessa busca seja cada vez mais abstrato. Vejam: agora são os djs aqueles músicos hábeis de outrora. O imaginário mudou. Se numa outra época eram usados riffs de guitarra ou de sax, hoje os temas são retomados como samples. Os "motivos" dessa cultura do negro na américa deixam de ser standards e voltam à tona sob a forma de loops numa bricolagem sonora (uau, nunca usei tantos estrangeirismos num só parágrafo!). Isso pra não falar do supra-sumo estilístico do "scratch", qual seja, do registro mais cabal para o ouvinte de que ele está ouvindo o passado...

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