O divino e o mundano em Marianne Moore
Marianne Moore mostrou o que a poesia poderia ser se não se chamasse poesia. Moderna, subversiva e fundamentalmente reacionária, sua obra é uma negação do lirismo convencional. Miss Moore era uma espécie de vitoriana culta dos tempos modernos. Tanto quanto pude deduzir de sua vida e sua obra sei apenas que era, antes de tudo, uma mulher boa de prosa (como dizem lá em Minas). Além disso, gostava de fazer sozinha suas visitas aos outros e tinha sempre o cuidado de "tomar sua presa em privado". Seus poemas são o momento privilegiado da combinação de uma observação aguda e contundente com o que há de mais frívolo ou supérfluo nesse mundo. Para ela a poesia nada mais era do que a expressão daqueles que realmente têm uma queda pelo genuíno, e só. Não tem pretensões míticas como seus antecessores tiveram. Sendo assim, sua poesia pode perder em plasticidade, metáforas bombásticas, mas em contrapartida seus jogos conceituais (que levam alguns a classificá-la como metafísica) e sua sintaxe desconcertante demonstram com pertinência como toda lógica está necessariamente imersa num grande vazio.
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