Ó me diga a verdade sobre o rancor

Que espécie de experiência compreende o rancor? Qual parte lhe reserva o ódio dentro das categorias da aversão? Se o que dizem da simetria diametralmente oposta entre ódio e amor for verdade, então seria o rancor uma variável da paixão recolhida? Ou pra ser mais contundente: ser impedido de odiar seria pior do que um interdito amoroso? Talvez ser impedido de amar nos fortaleça em nosso íntimo (à medida em que houver bastiões a serem derrubados mais forte será esse sentimento...)

Contudo, quais são as metas do rancor senão as de destruir seu portador? Que sentimento é esse que visa tão somente destruir o sujeito usando sempre um outro de tabela? Será que é livre feito um pássaro ou apenas um garoto? Será uma inveja daquilo que não somos? Será que ele vai pisar no meu pé dentro do ônibus? Ou ele será menos espalhafatoso, da ordem do ordinário, que se senta à nossa mesa, divide nosso teto e ainda ri conosco? Ó me diga a verdade sobre o rancor...

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