Battle Royale ou "gincana sádica"

Chega em DVD ao Brasil com sete anos de atraso mais um filme ultra-violento vindo do Oriente: Battle Royale (Batoru rowaiaru, 2000), dirigido pelo japonês Kinji Fukasaku, conta a história de um grupo de estudantes que, num Japão totalitário e dominado por "adultos", é raptado para uma ilha deserta afim de participarem de um grotesco reality-show do qual somente um sairá vivo. Até aí é perigoso pensar que se trate de um filme à la Jogos Mortais, com sua estética de parque de diversões. Longe disso, Battle Royale é uma mistura bem-sucedida de diversos gêneros tais como o mangá, paixões estudantis, uniformes à moda RBD, tiros, sangue, vísceras, gritos histéricos e tramas rocambolescas. Enfim, uma combinação de ingredientes inusitada que, no final das contas, acaba dando certo nas mãos de um diretor frenético como Fukasaku.

E à frente da sádica empreitada, feito um Big Brother sanguinário, o ator Takeshi Kitano (de Zatoichi) interpreta um professor outrora ridicularizado pelos alunos, que nos faz lembrar de alguns ditadores que o Oriente já abrigou. As regras do jogo são bem simples: presos numa ilha e controlados por uma coleira magnética (que os degola caso ultrapassem os limites da praia), os estudantes são forçados a se matarem uns aos outros para saírem ilesos do jogo. Em muitos momentos o filme nos lembra o seriado Lost, que se vale de flashbacks a todo instante para nos remeter à vida anterior de seus protagonistas e explicar suas motivações. Garotas de saia colegial e meias brancas*, bem ao gosto perverso japonês, e rapazes uniformizados são abruptamente levados a se matarem com requintes de crueldade, seja com metralhadoras, machados, facas ou revólveres, como se de repente um Robert Rodriguez passasse a dirigir o seriado Malhação da Rede Globo. E a cada morte, as baixas são mostradas sob a forma de estatísticas na tela, como se num videogame ou intervalo de jogo de futebol.

BR acaba sendo uma leitura muito peculiar feita pelo Japão do fenônemo rebelde, minissaias & gravatas. Quem não se lembra daqueles programas de disputas entre colégios? Só que desta vez com metralhadoras e facas.

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