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É o que repete Tim Maia no magistral "Tim Maia Racional", álbum pioneiro da música black brasileira, e que qualquer entusiasta desse gênero já deve estar careca de ouvir ou reverenciar. E pra não dizer que não falei das flores, Tim Maia, que depois se dedicaria a um estilo mais dócil e romântico, canta a plenos pulmões nesse álbum duplo, lançado depois que o cara foi deportado dos EUA ao ser pego com maconha. Esse "estágio" com os negros de lá foi mais do que suficiente para conferir-lhe a cadência e o swing inerentes ao soul e ao funk. Além disso, sua conversão a uma religião muy exótica, cuja palavra-chave é "racional", está presente em todas as faixas sob a forma de ensinamentos e pregações.
Trata-se de um álbum de conversão, o que vem corroborar a tese de que a boa black music e o protestantismo estão um para o outro como o corpo e a alma. E daquilo que poderia ser um porre para os dias de hoje (a mistura de ovnis e religião), Tim extrai inspiração para cantar apaixonadamente (no auge do seu timbre) acompanhado de músicos que fariam inveja até mesmo a um Fred Wesley e um James Brown. O vinil desse álbum é aquilo que chamam de "mosca-branca" e vale uma nota (como acontece com alguns discos do Jorge Ben, por exemplo). Vale dizer que o álbum foi lançado à época (1974) pelo selo SEROMA (criado pelo próprio SEbastião ROdrigues MAia) e que seu segundo volume foi lançado no ano seguinte. Para quem quiser baixá-lo no Kazaa, ele está todo lá. Que beleza!